terça-feira, 19 de março de 2024

SEMANA DA LEITURA (2.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 3.º Ciclo

 3.º Ciclo

                             

Em Portugal, o dia do pai festeja-se no dia 19 março. Este dia tem significado por ser o dia dedicado a S. José. Uma tradição que se repete em países de religião católica.

Mas há países, como os Estados Unidos, em que o Dia do Pai não está associado a nenhuma tradição religiosa. É apenas um dia dedicado aos pais com manifestações de carinho e afeto.


Definição de Pai

Pai que aos olhos da criança é herói 

Pai que aos olhos do jovem é vilão 

Pai que aos olhos do adulto é um amigo 

Pai que aos olhos do velho é saudade


Quando eu te via como herói 

Não sabia quase nada da vida 

Sentia-me seguro ao seu lado 

Eu só queria ser seu filho


Quando eu te vi como vilão 

Pensava que já sabia tudo sobre a vida 

Não queria proteção 

Eu só queria ser herói


Quando eu te vi como amigo 

Pude me dar conta dos erros cometidos 

Foi quando realmente te conheci 

Que entendi o sentido da vida


Quando me dei conta de sua falta 

A idade já havia me alcançado 

Você já não era mais herói, nem vilão 

Nem amigo e nem solidão


Você virou soma de tudo aquilo que foi 

De tudo aquilo que eu pensei que fosse 

A síntese da vida que hoje eu vivo 

A minha definição da palavra PAI!

                                            (Luis Alves)

SEMANA DA LEITURA (2.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - Ens. Secundário

Secundário

 

Em Portugal, o dia do pai festeja-se no dia 19 março. Este dia tem significado por ser o dia dedicado a S. José. Uma tradição que se repete em países de religião católica.

Mas há países, como os Estados Unidos, em que o Dia do Pai não está associado a nenhuma tradição religiosa. É apenas um dia dedicado aos pais com manifestações de carinho e afeto.

Se a figura do pai assumiu durante várias décadas um papel secundário e menos relevante (para a psicologia) no que respeita ao desenvolvimento das crianças, atualmente essa perspetiva está completamente ultrapassada, sendo reconhecida de forma cabal a importância da relação entre pai e filho.

Desde a gestação que o pai tem um papel fundamental no acompanhamento e suporte emocional à mãe no que respeita à transmissão de segurança e tranquilidade, garantindo assim que a criança receba esses estímulos na barriga da mãe.

A presença de uma figura paterna - que não precisa de ser necessariamente o pai biológico mas alguém que exerça esta função no seio da família - é importante para a estruturação do psiquismo da criança, uma vez que a presença paterna é diferente e complementar à materna, na qual os dois assumem o papel de autoridade e dos afetos, contribuindo para uma maior flexibilidade mental e adaptativa da criança.

O envolvimento da figura paterna, a sua participação ativa na vida da criança e a proximidade emocional com ela, condicionam o seu desenvolvimento intelectual, emocional e social, promovendo a segurança, autoestima, resistência às frustrações e autonomia.

Apesar das estruturas familiares terem vindo a sofrer modificações ao longo do tempo, a importância da figura paterna na vida de uma criança mantém-se, pelo que importa alimentar os laços de afinidade, cumplicidade e confiança e dispôr do tempo necessário para que isso seja possível.

Joana Simão Valério 2019


                As Mãos do Meu Pai


As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis 

sobre um fundo de manchas já cor de terra 

— como são belas as tuas mãos — 

pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram 

na nobre cólera dos justos...


Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, 

essa beleza que se chama simplesmente vida. 

E, ao entardecer, quando elas repousam

nos braços da tua cadeira predileta, 

uma luz parece vir de dentro delas...


Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, 

vieste alimentando na terrível solidão do mundo, 

como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento? 

Ah, Como os fizeste arder, fulgir, 

com o milagre das tuas mãos. 


E é, ainda, a vida 

que transfigura das tuas mãos nodosas... 

essa chama de vida — que transcende a própria vida... 

e que os Anjos, um dia, chamarão de alma... 


                                 Mário Quintana, in 'Esconderijos do Tempo'

domingo, 17 de março de 2024

SEMANA DA LEITURA - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 2.º Ciclo

 2.º Ciclo


Para iniciar a semana da leitura, aqui fica um pequeno texto humorístico do mesmo autor das aventuras de Astérix e Obélix. Trata-se de uma turma de meninos brincalhões, mas com muita personalidade. Ora oiçam.

Esta manhã, chegámos todos à escola muito contentes, porque vão tirar uma fotografia da turma que será para nós uma recordação para ficar para toda a vida, como nos disse a professora.

O fotógrafo também lá estava com a sua máquina, e a professora disse-lhe que tinha de se despachar, senão íamos faltar à aula de matemática.

O Aniano, que é o melhor da aula e o menino-bonito da professora, disse que seria uma pena não termos matemática, porque gostava disso e tinha feito bem todos os problemas.

O Eudes, um colega que é muito forte, queria dar um murro no nariz do Aniano, mas o Aniano tem óculos e não se lhe pode bater tanto quanto se gostaria.

A professora pôs-se a gritar que éramos insuportáveis e que se aquilo continuasse não haveria fotografia e iríamos para a aula.

O fotógrafo decidiu que tínhamos de nos pôr em três filas; a primeira fila sentada no chão, a segunda em pé à volta da professora, que estaria sentada numa cadeira, e a terceira em pé em cima de caixas. Tem de facto boas ideias, o fotógrafo.

As caixas, fomos procurá-las à cave da escola. Divertimo-nos muito, porque não havia muita luz na cave e o Rufus tinha enfiado um saco velho na cabeça e gritava: «Hu! Sou o fantasma.»

De volta ao pátio, a professora bateu com a mão na testa. «Mas vocês estão todos sujos», disse ela. Era verdade, ao fazer palhaçadas na cave tínhamo-nos sujado um pouco.

A professora não estava contente, mas o fotógrafo disse-lhe que não era grave, tínhamos tempo de nos lavarmos enquanto ele arrumava as caixas e a cadeira para a fotografia.

«Então», disse o fotógrafo, «vão com juízo tomar os vossos lugares para a fotografia. Os maiores em cima das caixas, os médios de pé, e os pequenos sentados». Nós lá fomos e o fotógrafo estava a explicar à professora que se consegue tudo das crianças quando se é paciente, mas a professora não o conseguiu ouvir até ao fim. Teve de nos vir separar, porque queríamos todos ficar em cima das caixas.

A professora disse-nos que nos fazia um último aviso, depois seria a aula de matemática, então pensámos que precisávamos de ficar quietos e começámos a instalar-nos.

Instalámo-nos. Cá eu estava sentado no chão, ao lado do Alceste. O Alceste é o meu colega que é muito gordo e que passa a vida a comer. Estava a morder numa fatia de pão com doce e o fotógrafo disse-lhe para deixar de comer, mas o Alceste respondeu que ele precisava de se alimentar. «Larga essa fatia!», gritou a professora, que estava sentada precisamente atrás do Alceste. O Alceste ficou tão espantado que deixou cair o pão com doce na camisa. «Lindo serviço», disse o Alceste, tentando rapar o doce com o pão.

A professora disse que só havia uma coisa a fazer, era pôr o Alceste na última fila para que não se visse a nódoa na camisa. «Eudes», disse a professora, «dê o lugar ao seu colega.» «Não é meu colega», respondeu o Eudes, «não ficará com o meu lugar e que se ponha de costas na fotografia.»

A professora zangou-se e deu ao Eudes o castigo de conjugar o verbo: «Eu não devo recusar-me a dar o meu lugar a um colega que deixou cair uma fatia de pão com doce na camisa.»

O Eudes não disse nada, desceu da caixa e veio até à primeira fila, enquanto o Alceste ia para a última fila. Isso provocou uma certa desordem, sobretudo quando o Eudes passou pelo Alceste e lhe deu um murro no nariz.

O Alceste quis dar um pontapé ao Eudes, mas o Eudes esquivou-se, é muito ágil, e foi o Aniano que apanhou com o pé, felizmente no sítio onde não tem óculos.

Isso não impediu o Aniano de se pôr a chorar e a berrar que já não via, que ninguém gostava dele e que queria morrer.

A professora começou a distribuir os castigos de uma forma bem gira, todos tínhamos montes de linhas para escrever, e por fim a professora disse-nos: «Agora, têm de se resolver a estar quietos. Se forem simpáticos, levantarei todos os castigos.

Vá, vão fazer pose, fazer um lindo sorriso, e o senhor vai-nos tirar uma bela fotografia!» Como não queríamos aborrecer a professora, obedecemos.

Todos sorrimos e ficámos em pose. Mas, quanto à recordação para ficar para toda a vida, falhou, porque demos conta que o fotógrafo já lá não estava. Tinha-se ido embora, sem dizer nada.

Sempé, Goscinny, O menino Nicolau

SEMANA DA LEITURA - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 3.º Ciclo

 3.º Ciclo

Este ano, é nossa intenção dar início à semana da leitura com a sugestão de um texto humorístico. Trata-se de um pequenino conto tradicional do povo português, que mostra como as crianças, que não iam à escola, se sabiam defender e até vingar do autoritarismo dos adultos. Neste caso, trata-se de um rapazito que era obrigado a acompanhar um pedinte enquanto este pedia esmola pelas aldeias. Oiçam com atenção.


O cego e o moço

Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de pão e um bocado de linguiça.

O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a linguiça, [sem que o cego se apercebesse].

O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço:

– Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o pão.

– Pela minha salvação, que não deram senão pão.

– Mas cheira-me a linguiça, refinado larápio!

E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho.

O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar.

Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe:

– Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele:

– Ó rapaz do diabo! Que te racho.

Diz-lhe ele:

Pois cheira-lhe o pão a linguiça,

e não lhe cheira o sobreiro à cortiça?

Teófilo Braga, Contos Tradicionais Portugueses (Recolha)

SEMANA DA LEITURA - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - Ens. Secundário

 Secundário

Este ano, é nossa intenção dar início à semana da leitura com a sugestão de um texto humorístico. Trata-se de uma crónica, escrita por Ricardo Araújo Pereira, um humorista por demais conhecido, que reflete sobre a prepotência de quem detém o poder, que muitas vezes se quer fazer passar por inteligente e fazer dos outros estúpidos. Oiçam com atenção.


Se adjetivar, não beba

A deficiente utilização de certos adjetivos continua […]. Mas talvez nenhuma outra palavra tenha tido pior sorte do que o adjetivo genial. Era um termo recatado, precioso, de utilização rara. Aplicava-se quase exclusivamente a coisas que tivessem sido feitas por Leonardo Da Vinci, e era assim que estava certo.

De repente, sem que o mundo tivesse acompanhado esse melhoramento, tudo passou a ser genial. Certo vinho é genial. Uma peça de roupa pode ser genial. Alguns silêncios são geniais.

Nunca se desceu tão baixo, no entanto, como esta semana. Nos Estados Unidos acabou de sair um livro que […] Donald Trump deseja retirar das prateleiras. Parece que o livro pinta um retrato bastante desagradável do presidente americano, o que em princípio significa que é uma obra rigorosa.

Ofendido, Trump foi lamuriar-se para o Twitter. Disse que, ao contrário do que se afirma no livro, ele não é um imbecil. Na verdade, escreveu ele, “Eu sou, tipo, mesmo esperto.” E acrescentou que há bons argumentos para que se considere um génio.

Vale a pena refletir nestas palavras. Primeiro, poderíamos perguntar se uma pessoa inteligente diz de si própria que é inteligente. Segundo, se o diz, tipo, nestes termos. Mas é importante não deixar que a nossa antipatia por Trump nos [perturbe] o raciocínio. Talvez ele possa, de facto, ser um génio.

Muita gente está convencida de que Donald Trump não pode ser um génio porque é um javardo. É falso. Não há qualquer incompatibilidade entre o génio e a javardice. Às vezes, [convivem lado a lado].

Alexander Fleming era um génio precisamente por ser um javardo. Uma vez, como é sabido, foi passar as férias de verão com a família e, quando voltou ao seu imundo laboratório, reparou nuns bolores que se tinham formado a um canto. Observando as suas propriedades, descobriu a penicilina: a carreira de Fleming consiste, basicamente, na análise dos resultados da sua própria imundície. Comportava-se badalhocamente e depois examinava as consequências dessa conduta.

Ora, Donald Trump, sendo um porcalhão literal e metafórico (no sentido em que é um porco no que diz respeito tanto à higiene como à moral), se fosse um génio, já teria inventado 30 vacinas. Material não lhe falta.

Ricardo Araújo Pereira, in VISÃO 1297, de 11 de janeiro

quinta-feira, 7 de março de 2024

Feira do Livro

A equipa da Biblioteca Escolar tem o prazer de convidar toda a comunidade educativa a visitar a Feira do Livro que decorrerá, na biblioteca do Externato de Vila Meã, de 11 a 22 de março.
Aproveite a Feira do Livro para ampliar o conhecimento e a biblioteca de sua casa.
Esperamos por si!



Conversa com o escritor José Gonçalves

  No passado dia 21 de março, a Biblioteca Escolar do Externato de Vila Meã, recebeu, mais uma vez, o escritor José Gonçalves para uma conv...