terça-feira, 19 de março de 2024

SEMANA DA LEITURA (3.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - Ens. Secundário

 Secundário




Dia Internacional da Felicidade

O Dia Internacional da Felicidade é comemorado a 20 de março.

Este dia visa promover a felicidade das pessoas e mostrar como esse sentimento é fundamental para o bem estar das nações. Foi em 2013 que se comemorou pela primeira vez o Dia Internacional da Felicidade.


Ninguém Tem Pena das Pessoas Felizes

Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os Portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais dilacerantes, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são sempre mais interessantes. Nós, os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes. Somos felizes, somos tontaços, não podemos ter graça nem salvação. Muitos felizardos (a própria palavra tem um soar repelente, rimador de «javardo») vêem-se obrigados a fingir a dor que deveras não sentem, só para poderem «brincar» com os outros meninos. 

É assim. Chega um infeliz ao pé de nós e diz que não sabe se há-de ir beber uma cerveja ou matar-se. E pergunta, depois de ter feito o inventário das tristezas das últimas 24 horas: «E tu? Sempre bem disposto, não?». O que é que se pode responder? Apetece mentir e dizer que nos morreu uma avó, que nos atraiçoou uma namorada, que nos atropelaram a cadelinha ali na estrada de Sines. E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de «culpa». Se elas estão felizes, rodeadas de pessoas tristes, é lógico que pensem que há ali qualquer coisa que não bate certo. As infelizes acusam sempre os felizes de terem a culpa. É como a polícia que vai à procura de quem roubou as jóias e chega à taberna e prende o meliante com ar mais bem disposto. Em Portugal, se alguém se mostra feliz é logo suspeito de tudo e mais alguma coisa. «Julgas que é por acaso que aquele marmanjo anda tão bem disposto?», diz o espertalhão para outro macambúzio. É normal andar muito em baixo, mas há gato se alguém andar nem que seja só um bocadinho «em cima». Pensam logo que é «em cima» de alguém. 

Ser feliz no meio de muita gente infeliz é como ser muito rico no meio de um bairro-de-lata. Só sabe bem a quem for perverso. Infelizmente, a felicidade não é contagiosa. A alegria, sim, e a boa disposição, talvez, mas a felicidade, jamais. Porque a felicidade não pode ser partilhada, não pode ser explicada, não tem propriamente razão. Não se pode rir em Portugal sem que pensem que se está a rir de alguém ou de qualquer coisa. Um sorriso que se sorria a uma pessoa desconhecida, só para desabafar, é imediatamente mal interpretado. Em Portugal, as pessoas felizes sofrem de ser confundidas com as pessoas contentes.

 Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'

SEMANA DA LEITURA (3.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 3.º Ciclo

 3.º Ciclo



Dia Internacional da Felicidade

O Dia Internacional da Felicidade é comemorado a 20 de março.

Este dia visa promover a felicidade das pessoas e mostrar como esse sentimento é fundamental para o bem estar das nações. Foi em 2013 que se comemorou pela primeira vez o Dia Internacional da Felicidade.

“A felicidade mora num lugar precioso dentro de nós, competindo-nos saber onde está a chave que abre essa porta, para aí entrar e ficar, nem que seja por uns instantes.”

Ana Eduardo Ribeiro


A busca pela felicidade não é um caminho linear e constante.

Ser feliz é variável de pessoa para pessoa. Características individuais, que pode descobrir através do seu autoconhecimento, tornam bastante mais complexa aquela que é a sua definição de felicidade. A felicidade pode ser um bem-estar subjetivo, uma soma de momentos de alegria, ou até um estado de humor positivo.

Esta subjetividade é tão vincada que se perguntar a alguém se seria feliz se ficasse cego, a resposta é óbvia: não. Porém, se medirmos a felicidade das pessoas que realmente ficaram cegas, veremos que elas são totalmente felizes, afirma o psicólogo Daniel Gilbert, um dos especialistas no estudo da felicidade.

Isto acontece porque as pessoas têm tendência a atribuir significado às diferentes situações, perspetivando se algo vai ser bom ou mau, terrível ou maravilhoso.

Pensar em ganhar o euro milhões, por exemplo, à partida, também nos daria a perceção de felicidade. No entanto, do mesmo modo, não podemos afirmar que isso fosse garantido.

Como tal, não podemos dizer que existe um segredo para encontrar a felicidade, mas podemos dizer que esse sentimento de felicidade parte do equilíbrio entre uma saúde estável e uma mente equilibrada.

Marta Dias Pereira

SEMANA DA LEITURA (2.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 2.º Ciclo

2.º Ciclo



 Dia do Pai

O Dia do Pai em Portugal é comemorado no dia 19 de março. Celebra-se no dia de São José, santo popular da igreja católica (marido de Maria, mãe de Jesus Cristo).

A celebração da data varia de país para país. Além de Portugal, também celebram o Dia do Pai no dia 19 de março países como a Espanha, a Itália, Andorra, Bolívia, Honduras e Liechstenstein.


Origem do Dia do Pai

Existem duas histórias sobre a origem do Dia do Pai:

1. A instauração do Dia do Pai teve origem nos Estados Unidos da América, em 1909. Sonora Luise, filha de um militar resolveu criar o Dia dos Pais motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. A festa foi ficando conhecida em todo o país e em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou o Dia dos Pais.

2. Na Babilónia, em 2000 A.C. um jovem rapaz de nome Elmesu escreveu numa placa de argila uma mensagem para o seu pai, desejando saúde, felicidade e muitos anos de vida.

SEMANA DA LEITURA (2.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 3.º Ciclo

 3.º Ciclo

                             

Em Portugal, o dia do pai festeja-se no dia 19 março. Este dia tem significado por ser o dia dedicado a S. José. Uma tradição que se repete em países de religião católica.

Mas há países, como os Estados Unidos, em que o Dia do Pai não está associado a nenhuma tradição religiosa. É apenas um dia dedicado aos pais com manifestações de carinho e afeto.


Definição de Pai

Pai que aos olhos da criança é herói 

Pai que aos olhos do jovem é vilão 

Pai que aos olhos do adulto é um amigo 

Pai que aos olhos do velho é saudade


Quando eu te via como herói 

Não sabia quase nada da vida 

Sentia-me seguro ao seu lado 

Eu só queria ser seu filho


Quando eu te vi como vilão 

Pensava que já sabia tudo sobre a vida 

Não queria proteção 

Eu só queria ser herói


Quando eu te vi como amigo 

Pude me dar conta dos erros cometidos 

Foi quando realmente te conheci 

Que entendi o sentido da vida


Quando me dei conta de sua falta 

A idade já havia me alcançado 

Você já não era mais herói, nem vilão 

Nem amigo e nem solidão


Você virou soma de tudo aquilo que foi 

De tudo aquilo que eu pensei que fosse 

A síntese da vida que hoje eu vivo 

A minha definição da palavra PAI!

                                            (Luis Alves)

SEMANA DA LEITURA (2.º dia) - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - Ens. Secundário

Secundário

 

Em Portugal, o dia do pai festeja-se no dia 19 março. Este dia tem significado por ser o dia dedicado a S. José. Uma tradição que se repete em países de religião católica.

Mas há países, como os Estados Unidos, em que o Dia do Pai não está associado a nenhuma tradição religiosa. É apenas um dia dedicado aos pais com manifestações de carinho e afeto.

Se a figura do pai assumiu durante várias décadas um papel secundário e menos relevante (para a psicologia) no que respeita ao desenvolvimento das crianças, atualmente essa perspetiva está completamente ultrapassada, sendo reconhecida de forma cabal a importância da relação entre pai e filho.

Desde a gestação que o pai tem um papel fundamental no acompanhamento e suporte emocional à mãe no que respeita à transmissão de segurança e tranquilidade, garantindo assim que a criança receba esses estímulos na barriga da mãe.

A presença de uma figura paterna - que não precisa de ser necessariamente o pai biológico mas alguém que exerça esta função no seio da família - é importante para a estruturação do psiquismo da criança, uma vez que a presença paterna é diferente e complementar à materna, na qual os dois assumem o papel de autoridade e dos afetos, contribuindo para uma maior flexibilidade mental e adaptativa da criança.

O envolvimento da figura paterna, a sua participação ativa na vida da criança e a proximidade emocional com ela, condicionam o seu desenvolvimento intelectual, emocional e social, promovendo a segurança, autoestima, resistência às frustrações e autonomia.

Apesar das estruturas familiares terem vindo a sofrer modificações ao longo do tempo, a importância da figura paterna na vida de uma criança mantém-se, pelo que importa alimentar os laços de afinidade, cumplicidade e confiança e dispôr do tempo necessário para que isso seja possível.

Joana Simão Valério 2019


                As Mãos do Meu Pai


As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis 

sobre um fundo de manchas já cor de terra 

— como são belas as tuas mãos — 

pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram 

na nobre cólera dos justos...


Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, 

essa beleza que se chama simplesmente vida. 

E, ao entardecer, quando elas repousam

nos braços da tua cadeira predileta, 

uma luz parece vir de dentro delas...


Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, 

vieste alimentando na terrível solidão do mundo, 

como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento? 

Ah, Como os fizeste arder, fulgir, 

com o milagre das tuas mãos. 


E é, ainda, a vida 

que transfigura das tuas mãos nodosas... 

essa chama de vida — que transcende a própria vida... 

e que os Anjos, um dia, chamarão de alma... 


                                 Mário Quintana, in 'Esconderijos do Tempo'

domingo, 17 de março de 2024

SEMANA DA LEITURA - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 2.º Ciclo

 2.º Ciclo


Para iniciar a semana da leitura, aqui fica um pequeno texto humorístico do mesmo autor das aventuras de Astérix e Obélix. Trata-se de uma turma de meninos brincalhões, mas com muita personalidade. Ora oiçam.

Esta manhã, chegámos todos à escola muito contentes, porque vão tirar uma fotografia da turma que será para nós uma recordação para ficar para toda a vida, como nos disse a professora.

O fotógrafo também lá estava com a sua máquina, e a professora disse-lhe que tinha de se despachar, senão íamos faltar à aula de matemática.

O Aniano, que é o melhor da aula e o menino-bonito da professora, disse que seria uma pena não termos matemática, porque gostava disso e tinha feito bem todos os problemas.

O Eudes, um colega que é muito forte, queria dar um murro no nariz do Aniano, mas o Aniano tem óculos e não se lhe pode bater tanto quanto se gostaria.

A professora pôs-se a gritar que éramos insuportáveis e que se aquilo continuasse não haveria fotografia e iríamos para a aula.

O fotógrafo decidiu que tínhamos de nos pôr em três filas; a primeira fila sentada no chão, a segunda em pé à volta da professora, que estaria sentada numa cadeira, e a terceira em pé em cima de caixas. Tem de facto boas ideias, o fotógrafo.

As caixas, fomos procurá-las à cave da escola. Divertimo-nos muito, porque não havia muita luz na cave e o Rufus tinha enfiado um saco velho na cabeça e gritava: «Hu! Sou o fantasma.»

De volta ao pátio, a professora bateu com a mão na testa. «Mas vocês estão todos sujos», disse ela. Era verdade, ao fazer palhaçadas na cave tínhamo-nos sujado um pouco.

A professora não estava contente, mas o fotógrafo disse-lhe que não era grave, tínhamos tempo de nos lavarmos enquanto ele arrumava as caixas e a cadeira para a fotografia.

«Então», disse o fotógrafo, «vão com juízo tomar os vossos lugares para a fotografia. Os maiores em cima das caixas, os médios de pé, e os pequenos sentados». Nós lá fomos e o fotógrafo estava a explicar à professora que se consegue tudo das crianças quando se é paciente, mas a professora não o conseguiu ouvir até ao fim. Teve de nos vir separar, porque queríamos todos ficar em cima das caixas.

A professora disse-nos que nos fazia um último aviso, depois seria a aula de matemática, então pensámos que precisávamos de ficar quietos e começámos a instalar-nos.

Instalámo-nos. Cá eu estava sentado no chão, ao lado do Alceste. O Alceste é o meu colega que é muito gordo e que passa a vida a comer. Estava a morder numa fatia de pão com doce e o fotógrafo disse-lhe para deixar de comer, mas o Alceste respondeu que ele precisava de se alimentar. «Larga essa fatia!», gritou a professora, que estava sentada precisamente atrás do Alceste. O Alceste ficou tão espantado que deixou cair o pão com doce na camisa. «Lindo serviço», disse o Alceste, tentando rapar o doce com o pão.

A professora disse que só havia uma coisa a fazer, era pôr o Alceste na última fila para que não se visse a nódoa na camisa. «Eudes», disse a professora, «dê o lugar ao seu colega.» «Não é meu colega», respondeu o Eudes, «não ficará com o meu lugar e que se ponha de costas na fotografia.»

A professora zangou-se e deu ao Eudes o castigo de conjugar o verbo: «Eu não devo recusar-me a dar o meu lugar a um colega que deixou cair uma fatia de pão com doce na camisa.»

O Eudes não disse nada, desceu da caixa e veio até à primeira fila, enquanto o Alceste ia para a última fila. Isso provocou uma certa desordem, sobretudo quando o Eudes passou pelo Alceste e lhe deu um murro no nariz.

O Alceste quis dar um pontapé ao Eudes, mas o Eudes esquivou-se, é muito ágil, e foi o Aniano que apanhou com o pé, felizmente no sítio onde não tem óculos.

Isso não impediu o Aniano de se pôr a chorar e a berrar que já não via, que ninguém gostava dele e que queria morrer.

A professora começou a distribuir os castigos de uma forma bem gira, todos tínhamos montes de linhas para escrever, e por fim a professora disse-nos: «Agora, têm de se resolver a estar quietos. Se forem simpáticos, levantarei todos os castigos.

Vá, vão fazer pose, fazer um lindo sorriso, e o senhor vai-nos tirar uma bela fotografia!» Como não queríamos aborrecer a professora, obedecemos.

Todos sorrimos e ficámos em pose. Mas, quanto à recordação para ficar para toda a vida, falhou, porque demos conta que o fotógrafo já lá não estava. Tinha-se ido embora, sem dizer nada.

Sempé, Goscinny, O menino Nicolau

SEMANA DA LEITURA - “Uma página por dia, não sabe o bem que lhe fazia” - 3.º Ciclo

 3.º Ciclo

Este ano, é nossa intenção dar início à semana da leitura com a sugestão de um texto humorístico. Trata-se de um pequenino conto tradicional do povo português, que mostra como as crianças, que não iam à escola, se sabiam defender e até vingar do autoritarismo dos adultos. Neste caso, trata-se de um rapazito que era obrigado a acompanhar um pedinte enquanto este pedia esmola pelas aldeias. Oiçam com atenção.


O cego e o moço

Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de pão e um bocado de linguiça.

O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a linguiça, [sem que o cego se apercebesse].

O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço:

– Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o pão.

– Pela minha salvação, que não deram senão pão.

– Mas cheira-me a linguiça, refinado larápio!

E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho.

O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar.

Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe:

– Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele:

– Ó rapaz do diabo! Que te racho.

Diz-lhe ele:

Pois cheira-lhe o pão a linguiça,

e não lhe cheira o sobreiro à cortiça?

Teófilo Braga, Contos Tradicionais Portugueses (Recolha)

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